Os elevados preços de minério vistos no 2S25 não devem se sustentar em 2026 em função do aumento da oferta global por meio de novos projetos. Os de petróleo devem seguir pressionados em 2026, com previsão de superávit da commodity. Em etanol, o crescimento segue maior na produção à base de milho, que tem custos mais competitivos.
Minério de ferro
Na primeira metade desse ano, os preços de minério de ferro apresentaram elevada volatilidade, refletindo as incertezas advindas da política tarifária nos EUA. Já no segundo semestre, a combinação de demanda aquecida e perspectivas mais favoráveis para o setor em razão da potencial racionalização da siderurgia na China têm suportado os preços de minério acima dos US$ 100/t.
Para 2026, esperamos uma correção deste patamar em função de um cenário de oferta mais elevada, mas que não impedirá a manutenção das as exportações brasileiras da commodity aquecidas.
Celulose
Os preços de celulose iniciaram o ano de 2025 arrefecidos e ensaiaram uma recuperação nos primeiros meses do ano, principalmente na Europa, mas que foi interrompida pelas incertezas trazidas pela discussões tarifárias.
Uma nova reversão de tendência foi iniciada no 3T25 na fibra curta, e novamente em maior magnitude na Europa, já que na China as oscilações em ambas as direções têm sido mais lentas.
Essa alta deve continuar no início de 2026, mas o nível de preços posterior deverá ser ditado pela demanda e rentabilidade na cadeia, além dos efeitos líquidos na oferta, como paradas de plantas – temporárias ou permanentes — e da entrada de novas capacidades.
Petróleo
A demanda global por petróleo em 2026 deve crescer cerca de 1,1 milhão de barris por dia, segundo a EIA, impulsionada por países não-OCDE.
Já a oferta deve ter um aumento de 1,4 mbd, liderada por Brasil, EUA, Guiana e Canadá, mantendo preços sob viés de baixa, com OPEP+ moderando incrementos na oferta para conter estoques e limitar a baixa nos preços.
A EIA projeta um Brent médio em US$ 55/b, bem abaixo da média de 2025 (US$ 69/b), refletindo esse superávit estrutural, com riscos geopolíticos, sanções à Rússia e tensões no Oriente Médio e no Caribe — que podem gerar prêmios temporários.
Etanol
Na safra 2025/26, a produção total de etanol no Brasil deve recuar 2,8%, segundo a Conab, para 36,2 bilhões de litros, com queda de 4,1% no centro-sul.
O etanol de milho deve seguir em maior expansão, com previsão de crescer 23% na produção, dado o menor custo e os novos projetos no pipeline.
A demanda doméstica segue limitada pela paridade de preços com a gasolina, e os riscos permanecem nos custos elevados de insumos (fertilizantes e diesel, principalmente), enquanto os juros domésticos altos e a forte necessidade de investimentos para compensar desafios climáticos devem seguir limitando o potencial de rentabilidade das usinas, em especial das mais alavancadas.
Expectativa de boa produtividade para soja e milho, mas preços ainda sem espaço para valorização. Nas proteínas, projetamos um ano com margens mais pressionadas, mas ainda sustentadas por fortes exportações. A produção global de açúcar deve crescer 1,5% em 2026, novo recorde, mas com preços em baixa apesar da alta no consumo.
Milho
Apesar da expectativa de crescimento da área plantada, a redução da produtividade excepcional obtida na safra 24/25 levará a uma menor produção para a próxima safra brasileira.
O mercado internacional seguirá desafiador diante da maior concorrência com o maior produtor e exportador mundial (EUA), cuja produção terá forte expansão, enquanto no mercado doméstico vemos sustentação dos preços diante da maior demanda por produção de etanol e ração animal.
Assim, vislumbramos preços internacionais sem espaço para valorização, mas preços internos um pouco mais pujantes.
Soja
Perspectiva de crescimento de área e nova safra recorde no Brasil.
Contudo, dado que os estoques internacionais seguem elevados, especialmente nos Estados Unidos, há pouco espaço para valorização dos preços em dólar.
Soma-se a isso a menor contribuição advinda do câmbio e dos prêmios nos portos, que em 2025 se mantiveram em patamares elevados por conta das tensões comerciais envolvendo China e Estados Unidos, e observaremos preços em reais sem espaço para avanços.
Além da pressão sobre os preços, os custos elevados contribuirão para margens pressionadas.
Açúcar
Para 2025/26, a Conab projeta produção nacional de açúcar em 45 milhões de toneladas, alta de 2% frente à safra anterior, após um primeiro semestre com as usinas focadas na produção do adoçante, e no etanol a partir de julho em função da maior rentabilidade.
Globalmente, segundo USDA, a produção deve crescer cerca de 1,5%, com expansão na Índia, China e Tailândia, mantendo preços sob pressão, ainda que exista previsão de novo recorde no consumo mundial.
No entanto, a redução nos estoques globais pode mitigar um cenário de baixa mais severa nos preços. Custos logísticos e riscos climáticos seguem no radar.
Boi gordo
Virada do ciclo pecuário implicará em menor volume de animais prontos para abate. Com isso, espera-se elevação do custo do boi gordo e consequente pressão sobre as margens dos frigoríficos.
Apesar dessa pressão, a carne bovina brasileira seguirá sob forte demanda pelo mercado internacional, diante de um cenário de retração da produção nos principais produtores mundiais e demanda aquecida nos principais mercados consumidores, o que contribuirá para compensar parte dessa pressão sobre as margens.