Petrobras vai contratar 12ª plataforma de Búzios de olho no gás

A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (3), que vai contratar o 12° FPSO (navio-plataforma) do campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, focada em escoar gás natural produzido pelo equipamento e também por outras plataformas para o continente. O processo de licitação começa agora, mas o FPSO só deve entrar em operação após 2030. E será viabilizado no formato BOT (construir-operar-transferir, na sigla em inglês), em que as unidades são construídas por uma outra empresa e são operadas por esta terceira por um período curto, de dois a cinco anos, antes de serem repassadas às petroleiras.

Segundo a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, essa nova plataforma, a P-91 ou Búzios 12, terá capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo por dia e 12 milhões de m³/dia de gás natural. Desse montante de gás, 3,5 milhões de m³/dia serão produzidos na unidade e outros 2 milhões de m³/dia virão de outras unidades que não são capazes de exportar gás. Esse gás será transportado por meio do gasoduto da Rota 3 até o Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ). Já os 6,5 milhões de m³ diários restantes serão reinjetados para controle de reservatório. Para tanto, a P-91 será interligada a 16 poços, sendo oito produtores e oito injetores alternados de água e gás.

Em um primeiro momento, esse volume externo virá da P-82 por meio de um gasoduto submarino, também a ter construção licitada, disse Baruzzi. A fonte desse “volume extra” vai variar conforme a curva de cada uma das unidades ativas no projeto. A ideia é que a P-91 passe a “aliviar” plataformas “topadas” em gás, ou seja, que experimentam dificuldades para produzir óleo em função do grande volume de gás associado. De acordo com a plataforma escolhida para transferir gás à P-91, serão construídos novos trechos de dutos submarinos. Além de melhorar a dinâmica de produção de unidades vizinhas, o desenho vai permitir maior produção de gás para o mercado nacional, em linha com a demanda do governo federal. Por isso tudo, a companhia tem definidio esse novo FPSO como um “hub para exportação” do gás produzido em Búzios.

Sobre a redução da injeção, Baruzzi disse que esse e outros aspectos foram considerados na conta da viabilidade financeira. “Tudo foi considerado e, para nós [Petrobras] ainda ficou positivo exportar esses 2 milhões de m³ de gás de outras plataformas”, disse. Ela lembrou que o projeto é resiliente a um preço de petróleo tipo Brent a US$ 45, sarrafo para empreendimentos de E&P (exploração e produção) da Petrobras e, portanto, lucrativo no atual cenário de preços na faixa dos US$ 60. Uma alta fonte da companhia disse à Agência iNFRA que a expectativa é ver a média de preço do Brent entre US$ 62 e US$ 67 no próximo ano.

Última de Búzios

Esta deve ser a última plataforma do mega-campo que, no futuro, será o maior produtor da companhia. Segundo Baruzzi, Búzios deve chegar a um pico de produção de 1,8 milhões boed (barris de óleo equivalente por dia) em 2033. Na média de agosto, informação mais recente, o campo produziu 821,88 mil bpd, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural), mas já bateu a casa dos 900 mil bpd e vem escalando conforme é incrementado o maquinário de produção.

Competição e dificuldade

Questionada sobre o apetite do mercado para a licitação, Baruzzi se disse “otimista”. “Com relação a cadeia de suprimento, teremos um bom número de participantes. Várias empresas já manifestaram interesse nesse processo. Estou bastante otimista com relação a competitividade dessa licitação”, disse. Ela não revelou o investimento ótimo projetado pela Petrobras para não ancorar as propostas das empresas que concorrerão na licitação.

Segundo Baruzzi, a maior dificuldade mapeada pela Petrobras está no fornecimento de turbogeradores para o projeto, uma cadeia pressionada pela demanda dos datacenters. “Vem um [projeto de] datacenter e encomenda 15 turbinas de uma vez, enquanto o projeto da Petrobras encomenda uma. Para quem esse esse fornecedor vai dar prioridade?”, questiona. “Para facilitar nesse ponto, flexibilizamos o modelo do turbo-gerador, para poder usar modelo fabricado aqui no Brasil, em Santa Bárbara d’Oeste (SP)”. Conforme a regra vigente, o índice global mínimo de conteúdo local é de 25%.

As empresas interessadas em participar do processo de contratação de Búzios 12 terão o prazo de 180 dias, a partir da publicação da SEP (Solicitação de Envio de Propostas), informou a companhia.

Simplificação

Para seguir a diretriz da diretoria executiva de simplificar projetos a fim de economizar em um contexto de cotação do petróleo deprimida, Baruzzi garantiu que a P-91 exigirá investimento inferior às suas pares instaladas ou a caminho de Búzios.

“Tivemos uma boa simplificação no projeto. Será uma plataforma bem mais enxuta que a P-84, P-85, e P-83, por exemplo. A expectativa, então, é que também tenha um valor bem menor que o dessas outras plataformas”, disse a executiva.

Um ponto mais evidente disso é a redução do POB (número de pessoas a bordo), que caiu de 240 para 180 ao fim do planejamento. “Ter mais pessoas a bordo implica ter um sistema de ar refrigerado maior, um sistema de tratamento de esgoto maior, de água maior, de geração de energia maior”, explicou.

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