Plano Nacional de Logística 2050 avança com foco na competitividade do Nordeste

O Ministério dos Transportes realizou na terça-feira (14), em Fortaleza (CE), mais uma etapa dos debates sobre o Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, que está em fase de elaboração. O encontro reuniu autoridades, técnicos e representantes do setor produtivo para discutir as condições da infraestrutura logística do Nordeste, com foco na identificação de gargalos e em propostas voltadas ao aumento da competitividade regional.

De acordo com o ministério, o objetivo do PNL é orientar o planejamento de longo prazo do transporte de cargas e passageiros no país, com ênfase na integração entre modais, sustentabilidade e eficiência operacional. O secretário-executivo da pasta, George Santoro, afirmou que uma das prioridades é ampliar a participação das ferrovias no transporte de cargas. “Um dos objetivos do Ministério dos Transportes é ampliar a participação do modal ferroviário no transporte de cargas, e um dos caminhos adotados foi a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Esse é um caminho fundamental para sustentar as indústrias que já estão no Nordeste e outras que poderão se instalar aqui”, declarou.

Segundo dados apresentados pelo ministério, o Nordeste concentra cerca de 27% da população brasileira e é composto por nove estados. O Produto Interno Bruto (PIB) da região cresceu 3,8% em 2024, acima da média nacional de 3,5%, mas a participação regional na economia do país permanece em torno de 14% nas últimas duas décadas. Para o governo, o dado evidencia a necessidade de investimentos em infraestrutura capazes de impulsionar o desenvolvimento local.

Entre as principais rotas de escoamento da região estão as rodovias BR-101 e BR-116, que concentram grande parte do tráfego de cargas, mas ainda enfrentam limitações operacionais. O ministério reconhece que a falta de conexões ferroviárias e a necessidade de modernização da malha rodoviária continuam sendo desafios para a logística regional.

O subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, destacou que o PNL busca incorporar ferramentas de acompanhamento e governança voltadas à eficiência e à redução de emissões. “O PNL traz uma inovação estrutural absolutamente disruptiva e transformadora. Além disso, a abordagem dos gargalos da infraestrutura, sob a ótica da manutenção, tem um grande potencial de descarbonização no contexto do PNL, graças às ferramentas de acompanhamento e governança que o plano oferece”, afirmou.

Transnordestina

Durante o encontro, o governo também destacou o andamento das obras da Ferrovia Transnordestina, considerada um dos principais projetos estruturantes da região. Com 1,2 mil quilômetros de extensão e investimento total estimado em R$ 14,9 bilhões, a ferrovia ligará Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE), com um ramal até Suape (PE), passando por 53 municípios.

Segundo o Ministério dos Transportes, a expectativa é que a ferrovia reduza custos logísticos e amplie o escoamento de grãos, minérios e produtos industriais. “Com a implementação dos projetos ferroviários, a produção mineral ganhará destaque, a produção agrícola superará gargalos logísticos, haverá redução de custos e novas possibilidades de expansão, o que trará mais competitividade e produtividade para o Nordeste”, afirmou Santoro.

Após impasses contratuais que atrasaram sua execução desde 2006, o projeto foi retomado com novos investimentos por meio do Novo PAC. Desde 2022, o trecho entre Salgueiro (PE) e Suape (PE) está sob responsabilidade da estatal Infra S.A., enquanto a concessionária Transnordestina Logística S.A. (TLSA) atua na conclusão do eixo que liga o Piauí ao Ceará.

A previsão é que a primeira operação comercial ocorra ainda em 2025, em um trecho de 580 quilômetros entre o Terminal Intermodal de Cargas de Bela Vista (PI) e Iguatu (CE), passando pelo interior de Pernambuco. “Estamos com seis lotes de mais de 50 quilômetros em andamento. Até o final do ano, contrataremos os dois últimos da Fase 1. Nossa expectativa é que, em 2027, possamos entregar toda essa primeira fase já em operação comercial”, informou o diretor-presidente da TLSA, Tufi Daher.

O presidente da Infra S.A., Jorge Bastos, afirmou que a decisão de priorizar o trecho até Suape foi adotada para garantir a conclusão de obras logísticas consideradas essenciais. “O Nordeste é um território com grandes potencialidades, e a Transnordestina está avançando a passos largos. O Governo Federal tomou a decisão de priorizar o trecho para Suape (PE) porque precisamos garantir a conclusão de obras logísticas estruturantes, assegurando que a infraestrutura seja um motor de desenvolvimento para todos os estados da região”, disse.

Planejamento

O Plano Nacional de Logística 2050 está sendo desenvolvido em parceria com diversos órgãos do Executivo, entidades do setor produtivo e representantes da sociedade civil. De acordo com o Ministério dos Transportes, a etapa atual corresponde à fase de diagnóstico, voltada à análise das limitações logísticas do país e ao levantamento de propostas para reduzir desigualdades regionais e fortalecer a matriz de transportes.

O ciclo de debates “Logística no Brasil”, que faz parte do processo de elaboração do PNL, já passou por Brasília, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Cuiabá. Fortaleza foi a sexta capital a receber o encontro, e outras quatro ainda serão contempladas até o fim de 2025.

O PNL integra o Planejamento Integrado de Transportes (PIT), instituído pelo Decreto nº 12.022/2024, que organiza os planos estratégicos e operacionais do setor de transportes. Segundo o ministério, a meta é consolidar um modelo de planejamento contínuo e articulado, capaz de orientar investimentos públicos e privados no longo prazo.

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