Prefere ter ambição ou acomodação na equipe?

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Cada época tem seus dilemas. No passado, uma das grandes queixas dos executivos e dos profissionais em geral era o “desequilíbrio entre vida pessoal e vida profissional”, fonte de estresse. Em pesquisa que fazemos há mais de 25 anos no Brasil, em parceria com meu colega Paul Evans, professor do Insead, essa queixa figura em diversas partes do mundo.

No Brasil, nos últimos 25 anos, esse desequilíbrio se mantém entre os três primeiros problemas que mais “tiram o sono dos executivos” – exceto no auge da pandemia, quando o pavor, o medo e a incerteza radical ficaram fora de controle, o que gerou um gigante impacto negativo na qualidade de vida das pessoas. Mas nunca se falou tanto de burnout, saúde mental e (des)equilíbrio emocional, assuntos que repercutem em redes sociais e nos corredores das empresas como se fossem novos temas de discussão. Será?

Nossas pesquisas indicam que a vocalização aumentou. Hoje se enxerga com maior clareza o que ficava “escondido”. A isso se relaciona um segundo ponto, muito relevante para líderes e organizações: a sociedade se divide, cada vez mais, em dois grandes grupos: de um lado estão as pessoas que têm fome de realização e são movidas pelo desejo de construir. Elas buscam deixar sua marca, energizam-se diante dos desafios, têm a ambição de transformar.

No lado oposto estão as que se modelam com e no status quo. Buscam um lugar “quentinho” e quando não se atende as expectativas é certo que a reclamação virá. Ao menor sinal de pressão ou dificuldade, apresentam alto nível de estresse e sempre creditam a solução (e a “culpa”) a outra pessoa, seja o chefe, seja a empresa.

E aqui surge a grande questão: quem você quer a seu lado? Quem deve compor sua empresa, sua equipe, seu conselho? A ambição movimenta, energiza e requer atenção constante para estar no ponto certo. A acomodação pode parecer confortável no curto prazo, mas no longo prazo leva as pessoas à mediocridade. Entre esses dois grupos, é completamente diferente o nível de resistência ao ambiente mais desafiador: um se motiva, o outro se desgasta.

O desafio do líder contemporâneo não é eliminar a ambição nem se acomodar ao ritmo dos complacentes. É, isso sim, criar ambientes em que a fome de realização se converta em potência, vitalidade, e não em doença. Um ambiente em que as pessoas possam brilhar e iluminar sem se apagar internamente, onde a energia da realização não se esgote.

No fim, a escolha é menos sobre “equilibrar” e mais sobre decidir que tipo de pessoas e de energia se quer atrair, desenvolver, reter. As que se deixam dominar pela acomodação perdem relevância. Empresas que não sabem cuidar de suas pessoas mais ambiciosas se desgastam.

Afine e refine a sua percepção para encontrar o “razoável equilíbrio” da sua equipe e da cultura da sua empresa. Compreenda que nem todas as pessoas são adequadas para todas as empresas – e vice-versa. Mais: rejeite a fantasia infantil do equilíbrio como estado estático – ela te impede de encontrar, no seu melhor estilo, o razoável equilíbrio também entre a vida pessoal e profissional.

*Betania Tanure é doutora, professora e consultora da BTA

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