A aprovação da reforma do Imposto de Renda pela Câmara dos Deputados em 1º de outubro e sua sanção presidencial em 26 de novembro desencadeou uma movimentação estratégica entre empresas brasileiras, ressalta a XP Investimentos.
A nova regra estabelece uma alíquota de 10% de imposto de renda retido na fonte (IRRF) sobre dividendos mensais acima de R$ 50 mil pagos a pessoas físicas, mas preserva a isenção para lucros apurados até 31 de dezembro de 2025, mesmo que distribuídos até 2028.
Esse detalhe criou um incentivo poderoso: companhias estão antecipando anúncios de dividendos para aproveitar a janela de isenção. Até agora, nomes como Itaú (ITUB4), Vale (VALE3), Allos (ALOS3), Marcopolo (POMO4), Vulcabras (VULC3) e Azzas 2154 (AZZA3) já anunciaram distribuições que somam R$ 42,2 bilhões, sendo que as duas primeiras anunciaram na última quinta-feira.
Analistas estimam que, considerando três cenários possíveis, o montante adicional pode variar entre R$ 42 bilhões e R$ 85 bilhões nas próximas semanas e meses.
A proposta em discussão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para estender o prazo de aprovação das distribuições até abril de 2026 ainda não foi votada, mantendo a urgência para as empresas.
Segundo especialistas, mesmo uma distribuição parcial do potencial identificado — que chega a R$ 170 bilhões em lucros retidos e reservas — pode gerar impactos relevantes no mercado. Uma antecipação de 25% desse valor representaria R$ 42 bilhões, enquanto 50% chegaria a R$ 85 bilhões, com yields estimados entre 6,8% e 13,5%.
Com o novo regime tributário prestes a entrar em vigor, investidores e companhias monitoram de perto os próximos movimentos.
“A corrida pelos dividendos extraordinários promete ser um dos principais catalisadores do mercado brasileiro até o fim de 2025”, avalia.
Potencial de dividendos
A XP também estima o potencial total de distribuição de dividendos das empresas brasileiras olhando para o setor, agregando os valores de reservas de lucros e lucros retidos das companhias sob a sua cobertura. Esse exercício resulta em um potencial de distribuição — caso as empresas distribuíssem integralmente suas reservas de lucros e lucros retidos — de R$ 614,8 bilhões, equivalente a um dividend yield de 22,1%. Na análise setorial, Commodities e Defensivos se destacam, com potenciais dividend yields de 27,3% e 29,0%, respectivamente.
Ao fazer uma análise, eles apontam quem poderia antecipar pagamentos de dividendos em níveis atrativos, resultando em uma lista de 25 empresas.
O filtro aplicou os seguintes critérios:
1. Dívida Líquida/Ebitda esperado para 2025 abaixo de 2 vezes;
2. Payout esperado para 2025 acima de 0;
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3. Histórico de pagamento de pelo menos um dividendo por ano, em média, nos últimos cinco anos;
4. Probabilidade média ou alta de antecipação de dividendos, conforme avaliação dos nossos analistas setoriais;
5. Reservas de lucros e lucros retidos suficientes para gerar um dividend yield potencial de pelo menos 10%.