Com as vendas asfixiadas pela demora na liberação de recursos do Plano Safra e, especialmente, do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), as fabricantes de máquinas agrícolas não devem divulgar o balanço de vendas na Expointer deste ano.
De acordo com o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), os repasses a bancos, revendedores e produtores estão 95% inferiores ao mesmo período do ano passado. Carolina Rossatto, vice-presidente da entidade, ressalta que, apesar de a Expointer ser a última grande feira agropecuária do ano, é a primeira após o Plano Safra.
“A indústria vinha tentando contornar o problema, mas a situação dos produtores, especialmente, exige uma solução urgente. Estamos em pleno período de início de plantio e aquisições para a safra. O que teremos é uma colheita menor, com menos alimentos e, portanto, mais inflação à nossa espera”, alerta Carolina.
O problema, neste momento, é ainda mais grave do que os danos do tarifaço, mas se somam às novas taxas norte-americanas na estagnação do setor. Em meio às incertezas geradas pelo cenário gerado pelas tarifas impostas por Donald Trump sobre a economia brasileira como um todo, e, em especial, sobre o agronegócio gaúcho, a compra de máquinas agrícolas já estava dando sinais de recuo.
Presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier relata que mesmo aquisições já em andamento começam a ser suspensas.
“Há casos em que mesmo produtores que já haviam pago 10% antecipadamente estão cancelando os pedidos e sequer estão pedindo, de imediato, a devolução. Aliado a isso, temos um cenário de juros elevados que ajuda a paralisar os negócios. Essa incerteza geral sobre os rumos nacionais e internacionais ainda ocorre, para agravar mais a situação, após cinco ciclos de estiagens e enxurradas”, explica Bier.
De acordo com o gerente de Relações Institucionais do Sistema Ocergs, o economista Tarcísio Minetto, no entanto, os recursos para o custeio da safra para os pequenos produtores está dentro da normalidade.
“Essa questão dos recursos para investimento seria o planejamento anunciando há mais tempo, para que os recursos não se esgotassem já neste semestre, deixando margem de valores também para o início do ano que vem”, pondera o economista.
Procurado para se pronunciar sobre a carência de recursos para a aquisição de máquinas e implementos agrícolas e as queixas do setor, o Ministério da Agricultura não se pronunciou até o fechamento desta edição.