O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, assinou nesta terça-feira, 3, decreto que permite o uso de biometano como combustível na frota de ônibus da cidade e também em veículos de coleta de lixo.
Atualmente, 125 caminhões de limpeza urbana já usam biometano, que é produzido nos aterros municipais. A meta é de que mais de 600 veículos dessa frota ainda movidos a diesel sejam substituídos até 2027.
Para os ônibus, não foi anunciada uma meta nem um prazo para a substituição por motores a biometano. No evento onde anunciou a novidade, Nunes afirmou que a prefeitura passará a comprar biometano do setor privado para atender a nova demanda.
“Para efeito de comparação: enquanto um ônibus a diesel custa em média R$ 25 mil por mês em combustível, um elétrico consome cerca de R$ 5 mil, uma economia de R$ 20 mil mensais, ou R$ 240 mil por ano. No caso do biometano, ainda não há preço definido”, disse o prefeito.
Como emite o biometano nos ônibus
O biometano é um combustível obtido por meio da purificação do biogás, gerado pela decomposição de matéria orgânica, como resíduos em aterros sanitários, esgoto tratado em estações e subprodutos do setor sucroenergético.
Apesar de ser renovável, não é um combustível limpo: ele emite carbono ao ser queimado. A intensidade de emissão varia bastante conforme o tipo de matéria-prima, a tecnologia usada e a gestão de vazamentos de metano na cadeia de produção.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, em seu relatório mais recente, o AR6, as emissões médias de gasolina e diesel são: 92 gCO₂-eq/MJ para gasolina (mediana) e 92 gCO₂-eq/MJ para diesel (mediana).
De acordo com um estudo da Royal Society of Chemistry, a emissão média do biometano é de 27–29 gCO₂-eq/MJ, com mediana em 18–20 gCO₂-eq/MJ.
Em 2022, durante a administração de Jair Bolsonaro, o governo federal passou a fazer investimentos para ampliar a produção brasileira do material. Em 2024, já sob o governo Lula, o biometano foi incluído na Lei do Combustível do Futuro (14.993/24), que diversifica as opções de tecnologias de baixa emissão na mobilidade.
A produção de biometano no país
A Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás) diz que o potencial brasileiro de produção de biometano é de 80 milhões de metros cúbicos (m³) por dia. No Brasil, o maior potencial de produção de biogás (matéria-prima do biometano) está no setor sucroenergético (56 milhões de m³/dia).
Na sequência, vem o setor de produção de alimentos (17 milhões de m³/dia) e, por fim, o setor sanitário (7 milhões de m³/dia). São Paulo, em especial, tem grande potencial de produção por causa da indústria da cana, de onde vem a vinhaça, um refugo da produção de etanol.
Ainda em fase de expansão, o mercado nacional de biometano já tem 12 unidades produtoras autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) até abril de 2025. Se confirmados os investimentos em andamento, mais 35 usinas poderão entrar em operação até 2027, o que vai elevar a capacidade instalada para mais de 2,1 milhões de metros cúbicos por dia.