Sete de dez transportadoras já tiveram perdas por eventos climáticos extremos

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Sete em cada dez empresas de transporte já sofreram perdas financeiras decorrentes de eventos climáticos nos últimos cinco anos. E um quarto delas ultrapassou o valor de R$ 1 milhão em prejuízos, sendo que 9,9% reportaram danos superiores a R$ 5 milhões. Foi o que apontou a Sondagem CNT de Resiliência Climática do Setor de Transporte, realizada pela Confederação Nacional do Transporte.

De acordo com o estudo 74,6% das transportadoras sofreram impactos operacionais, incluindo interrupções no fluxo de transporte, mudança de rotas, falta de insumos, e, em alguns casos, até a necessidade de demissão de funcionários.

Das empresas que sofreram algum dano operacional 72,2% tiveram de paralisar as atividades – 9% ficaram paradas por um mês ou mais, o que compromete gravemente a sustentabilidade financeira.

O levantamento ouviu 317 empresários de diferentes modos de transporte de 18 de junho a 20 de julho, de todas as regiões do País. A publicação demonstra que o conceito de resiliência climática no transporte se traduz, principalmente, na capacidade da infraestrutura de resistir, adaptar-se e recuperar-se diante de enchentes, secas, deslizamentos, vendavais, ondas de calor e outros eventos adversos, que tem se tornado cada vez mais frequentes.

Segundo a CNT, portanto, o transporte é duplamente vulnerável às mudanças do clima: ao sofrer não só com deteriorações mais rápidas da infraestrutura física e interrupções de fluxo mas, também, com o aumento dos custos operacionais e logísticos por parte das empresas para manter suas atividades e mitigar os efeitos destes eventos climáticos na operação.

Ocorrências em 2024

Ao longo do ano passado o Brasil registrou 170 bloqueios em 79 rodovias da Região Sul, enfrentou secas severas em mais de 1,3 mil municípios do País, incêndios florestais no Centro-Oeste, mais de 250 mil estabelecimentos ficaram sem energia na região Sudeste em função de tempestades e, na Região Norte, estiagem histórica nos rios Negro e Solimões isolou comunidades na Amazônia e comprometeu o abastecimento regional.

“O estudo reforça que as mudanças climáticas já fazem parte da realidade do transporte brasileiro”, disse Fernanda Rezende, diretora executiva da CNT. “Por isto é preciso investir, com urgência, em infraestrutura resiliente, planejamento estratégico e capacidade de resposta rápida, para que o setor continue operando com segurança e eficiência, mesmo diante de eventos climáticos extremos.”

Percalços por modal

No modal rodoviário, que representa 84,5% das empresas ouvidas, as temperaturas elevadas provocam trincas e deformações no asfalto, enquanto que chuvas intensas e enchentes comprometem pontes, túneis e rodovias. As enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, por exemplo, destruíram trechos de rodovias e a CNT estimou que seriam necessários investimentos de R$ 18,9 bilhões para recuperação da malha rodoviária.

No ferroviário os impactos mais conhecidos são deslizamentos, erosões e flambagem, ou empenamento, de trilhos causados pelo calor extremo, comprometendo sua estabilidade. Em chuvas intensas o lastro pode sofrer aterramento com material carreado de deslizamentos, aumentando o risco de descarrilamento.

Outra consequência é o superaquecimento de equipamentos elétricos por causa das ondas de calor, que reduzem a eficiência energética, podendo causar falhas ou alterações na rede de alimentação.

No aquaviário a estiagem na Amazônia reduziu drasticamente os níveis de água nos rios. As vias economicamente navegáveis perdem a sua capacidade de deslocamento, afetando a movimentação das embarcações. Isso gerou impacto negativo na Região Norte, que depende altamente do transporte fluvial para o transporte de mercadorias e de passageiros.

No modo aéreo tempestades e ciclones aumentam a incidência de descargas elétricas e turbulências, gerando atrasos e cancelamentos de voos. Chuvas e neblina exigem maior distanciamento de uma aeronave para outra e impactam a regularidade das operações.

Operação fica mais onerosa

A CNT ressaltou que os efeitos das mudanças climáticas elevam os custos de operação. Das companhias com prejuízos financeiros 63,4% reportaram despesas adicionais com reparos e manutenção de ativos e 47,9% com armazenamento comprometido, atrasos logísticos e perda de prazos.

Para agravar ainda mais a situação das empresas que tiveram de recorrer a medidas financeiras 76,9% precisaram utilizar recursos próprios para lidar com os prejuízos e apenas 7,7% receberam algum tipo de auxílio governamental, evidenciando a urgência de fortalecer políticas de apoio emergencial em situações de crise decorrentes de eventos climáticos extremos.

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