
O setor de infraestrutura brasileiro vive um momento de investimentos recordes e se prepara para um 2026 ainda mais robusto. O Fórum Exame Infraestrutura 2025, realizado no dia 2 de dezembro em São Paulo, projetou que o país deve ultrapassar R$ 300 bilhões em investimentos no próximo ano, com forte protagonismo da iniciativa privada.
Roberto Guimarães, diretor de Planejamento e Economia da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), detalhou que a previsão é de R$ 250 bilhões em recursos privados e R$ 50 bilhões em recursos públicos. “O país vive um momento de investimentos superlativos”, afirmou.
Um dos painéis mais debatidos foi a “corrida” pela universalização do saneamento, prevista pelo Marco Legal para 2033. Carlos Piani, CEO da Sabesp, anunciou que a companhia acelerou o ritmo de investimentos para uma média anualizada de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões, visando a universalização já em 2029. “Temos obras em todos os municípios da Sabesp, focando principalmente no tratamento de esgoto, que é o maior gargalo”, disse, citando o plano de ampliar a capacidade de tratamento da região metropolitana de 16 para 22 m³/s nos próximos anos.
Em Minas Gerais, a Copasa também demonstrou crescimento. Segundo Fernando Passaglio, presidente da empresa, o salto no investimento passou de R$ 586 milhões em 2019 para uma projeção de R$ 2,5 bilhões em 2024.
O Fórum também ressaltou a ascensão das Parcerias Público-Privadas (PPPs) em infraestrutura social (escolas, hospitais e habitação). Guilherme Naves, sócio-fundador da Radar PPP, indicou que 2025 deve registrar oito vezes mais leilões neste segmento do que 2021.
“Temos R$ 120 bilhões estimados nesse pipeline, com mais de 150 projetos em gestação”, afirmou Naves, destacando que a administração pública tem usado as PPPs como solução para garantir não apenas a construção, mas a operação e manutenção de equipamentos públicos a longo prazo.
Na área de transportes, a discussão girou em torno da tecnologia nas rodovias. Guilherme Sampaio, diretor-geral da ANTT, e Eduardo Camargo, presidente da Motiva Rodovias, confirmaram que a implementação do sistema Free Flow (pedágio automático sem cancelas) é uma tendência irreversível. “Não imaginamos mais novas praças de pedágio físicas sendo construídas; a migração é para o pagamento automático e a engenharia digital”, disse Camargo.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) projeta dobrar a malha concedida, atingindo 25.000 km até o final de 2026.