Setor de máquinas aposta no mercado de capitais como alternativa ao Plano Safra

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As dificuldades orçamentárias do Plano Safra para financiar totalmente as atividades do agronegócio têm levado o setor a buscar alternativas. Como opção, a indústria de máquinas e implementos agrícolas destaca a expansão do mercado de capitais como fonte complementar. O tema foi assunto no XXV Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), realizado nesta sexta-feira, 03.

O diretor de assuntos corporativos da John Deere, Alfredo Miguel, foi categórico ao relembrar que “o modelo atual do Plano Safra não acompanha o crescimento do agro no Brasil”. Para ele, o cenário de déficit fiscal e inflação limitada reduz a capacidade do governo de expandir o programa de crédito rural.

Nesse contexto, Miguel compartilhou que a John Deere liderou, em conjunto com a CSME, um estudo entregue nesta semana ao Congresso. A proposta, entregue ao deputado federal Arnaldo Jardim, reúne cerca de 30 itens para ampliar as fontes de funding — processo de captação de recursos financeiros —, incluindo mudanças regulatórias junto ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários. “Muito confiante que essa alteração via projeto de lei e regulamentações vai aumentar um pouco essa quantidade de recursos para o Plano Safra, ou viabilizar via mercado de capitais. O estudo tem dois pilares: melhorar o funding do Plano Safra e ampliar a participação dos mercados de capitais”, indicou.

Os números reforçam a tendência complementar de financiamento do agronegócio. Nos últimos dois anos, o mercado de capitais no Brasil cresceu 15,3%, passando de R$ 13 trilhões para R$ 15,3 trilhões. No caso do agronegócio, o avanço foi mais notório: os fundos de investimento em cadeias agroindustriais (Fiagro) saltaram 315% no período, saindo de R$ 10,5 bilhões para R$ 43,7 bilhões em patrimônio. “Quanto mais independência ou alternativas tivermos ao Plano Safra, melhor. A volatilidade do nosso negócio vai reduzir muito”, salientou o executivo da maior fabricante de equipamentos agrícolas do mundo.

Para Marcelo Winter, sócio da área de agronegócio do VBSO Advogados, o crescimento dos Fiagros mostra haver apetite, mas o ambiente de negócios ainda limita aportes mais consistentes. Ele destacou que “o dinheiro não sumiu”, porém, os juros elevados e a instabilidade institucional afugentam o investidor.

Na visão do advogado, a legislação brasileira já oferece instrumentos sofisticados de securitização — como CRA, CPR e agora o Fiagro — mas o entrave está na falta de confiança. “É cultural, o brasileiro demora para adotar as ferramentas até pegar confiança. O fato é que o momento é desafiador por conta das questões institucionais. Mas, superada essa fase, teremos um mercado muito mais maduro e preparado para financiar o agro”, avaliou.

O mesmo diagnóstico foi feito por Fabricio Morais, presidente do Conselho Administrativo da Jumil, que destacou a importância de ampliar a comunicação sobre os fundamentos do custo do crédito no país. Para ele, no entanto, a questão vai além da busca por novas linhas de financiamento e envolve um desafio estrutural. “Nenhum governo está dando conta de ter um Plano Safra condizente com o tamanho do agronegócio. Quem tem que financiar isso, se o governo não dá conta, é o mercado”, afirmou. Para o executivo, os investimentos são motores de eficiência e expansão, mesmo diante de cenários de volatilidade.

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