
O mercado brasileiro de motocicletas vive um momento de forte expansão e diversificação. De janeiro a setembro deste ano, a Shineray e a Bajaj se destacaram com crescimentos expressivos nas vendas, reforçando o movimento de consolidação de novas marcas em um setor historicamente dominado por Honda e Yamaha.
A Shineray, com sede em Pernambuco e operação no Porto de Suape, em Ipojuca, emplacou 94,2 mil motocicletas nos nove primeiros meses de 2025 — um salto de 80% em relação ao mesmo período do ano passado. Com esse desempenho, a marca ocupa a terceira posição no ranking nacional de emplacamentos, atrás apenas das líderes Honda e Yamaha.
A expansão da rede de concessionárias é uma das principais estratégias da empresa. Segundo o gerente geral de negócios da Shineray do Brasil, Wendel Lazko, o crescimento é resultado de um planejamento iniciado há cerca de dois anos. “Não é um processo acelerado, mas estruturado. Nosso objetivo era garantir ao cliente segurança na compra e um pós-venda completo”, afirmou. Até agosto, quase duzentas novas lojas foram inauguradas, e a meta para 2025 é chegar a cerca de quatrocentas revendas, com previsão de atingir de seiscentas a setecentas até 2026.
Atualmente, o foco da rede está nas regiões Norte e Nordeste, mas a empresa prepara avanço para o Sul e o Sudeste, com a abertura de cerca de setenta novas lojas nessas áreas até o fim do ano. O crescimento da estrutura de atendimento acompanha o aumento nas vendas: há dois anos, a Shineray comercializava em torno de 3 mil motocicletas por mês, e hoje o volume mensal varia entre 11 mil e 13 mil unidades. A participação de mercado subiu de 1,4% para cerca de 6%.
O portfólio da marca combina motocicletas a combustão e modelos elétricos, com foco de 80% no primeiro segmento. Os scooters seguem como carros-chefe, com destaque para os modelos Jet, Phoenix, Rio, Urban e Shi, além da linha SBM, lançada recentemente para disputar o segmento premium. A Shineray mantém toda a produção na China, de onde os modelos são importados via Porto de Suape, desmontados e distribuídos em kits CKD para montagem final nas concessionárias brasileiras.
Enquanto isso, a indiana Bajaj, que iniciou suas operações no País em dezembro de 2022, também avança de forma consistente. De janeiro a setembro, a marca vendeu 19,7 mil motocicletas, o que representa crescimento de 214% em relação ao mesmo período de 2024. Em setembro, registrou novo recorde mensal, com 2,9 mil unidades comercializadas — 15% acima do volume de agosto.
A Bajaj já acumula 34,8 mil motocicletas vendidas desde o início de suas atividades, sendo 31,2 mil fabricadas em sua unidade de Manaus (AM), na Zona Franca. Todo o portfólio da empresa é produzido localmente, incluindo os modelos Pulsar N150, Dominar NS160, Dominar NS200, Dominar 250 e Dominar 400. A marca alcançou em setembro a sexta posição no ranking de vendas nacionais, resultado que consolida sua presença e indica potencial de expansão nos próximos anos.
Com Shineray e Bajaj ganhando espaço, o mercado brasileiro de duas rodas segue em trajetória de crescimento robusto. Segundo projeções da Fenabrave, o setor deve superar a marca de 2 milhões de unidades vendidas em 2025, sustentado pela oferta ampliada de crédito e pela demanda aquecida — mesmo diante dos juros elevados.