Tarifaço ameaça contrato de exportação da Bridgestone Brasil

Com planejamento de longo prazo, especialmente visando a ampliar as exportações a partir do Brasil, a Bridgestone concluiu recentemente investimento de R$ 1 bilhão na fábrica de Santo André, SP, onde produz pneus para veículos pesados de carga. Foi uma verdadeira transformação na unidade, segundo contou Lafaiete Oliveira, o novo responsável pela operação local: o desenho da linha de montagem precisou ser refeito, novas edificações construídas e máquinas de última geração foram adquiridas.

O aporte colocou a Bridgestone do ABC Paulista no rol das mais modernas operações da companhia e a credenciou a exportar pneus para os Estados Unidos, um dos principais mercados globais. Estava tudo certo: de 500 mil a 600 mil compostos seriam enviados por ano para lá. Até chegar o tarifaço de Donald Trump e colocar 50% de imposto para o pneu de veículo pesado poder entrar no mercado local.

“Até o fim do ano temos este contrato garantido, foi o que o pessoal dos Estados Unidos concordou com a gente, porque temos itens em estoque e em fila de produção”, afirmou o executivo que chegou ao Brasil, seu país natal, nas últimas semanas após liderar a operação de Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. “Mas a matriz já nos avisou que está avaliando outras fábricas Bridgestone pelo mundo para homologar o produto. O consumidor de lá não está disposto a pagar pela tarifa.”

Para Oliveira a incerteza é o pior dos cenários que poderia encontrar, ainda que esteja de certa forma vacinado pela experiência de trabalhar em mercados da América Latina. A Anip, que representa as fabricantes de pneus, tenta junto aos governos brasileiro e estadunidense reverter o cenário de tarifa, mas não há garantia.

Duas de quatro máquinas adquiridas, de última geração, já foram instaladas na unidade. Há outra no porto, esperando o desembaraço, e outra agendada para o fim do ano que vem.

“O que eu faço? Suspenso a quarta máquina? Este ambiente de incerteza é extremamente prejudicial. Não sabemos se manteremos o investimento, se contratamos, se não contratamos, se postergamos o cronograma.”

O responsável pela operação da Bridgestone no Brasil disse aguardar o possível encontro dos presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva para mudar a situação: “Estou na torcida”.

Alternativas de exportação

Enquanto acompanha o desenrolar da questão com os Estados Unidos a Bridgestone do Brasil busca outros mercados para enviar os pneus produzidos em Santo André. Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e outros da América do Sul são destinos certos: “Recentemente abrimos conversas com mercados africanos. Estamos explorando alternativas, mas os Estados Unidos têm um mercado muito grande”.

Como agravante existe a invasão de pneus asiáticos em outros mercados, como ocorre no brasileiro – na semana passada a Anip pediu aumento do imposto de importação de pneus de passeio para 35%, negado pelo governo que o manteve em 25%.

“Para veículos comerciais a tarifa é 16%. Nós sabemos quanto custa a matéria-prima, qual o custo de produção e muitos dos pneus entram no Brasil a preços abaixo deste valor.”

Ele disse que outros mercados produtores estão se protegendo dos pneus da China, onde existe supercapacidade produtiva, e no Brasil não: “Não queremos benefícios. Só queremos colocar o jogo em patamar de igualdade”.

Além do aporte de R$ 1 bilhão em Santo André a Bridgestone investiu mais R$ 1 bilhão em Camaçari, BA, onde ficará concentrada a produção de pneus para carros de passeio. Eles também eram fabricados no ABC Paulista mas, com a reorganização, cada fábrica ficou dedicada a um segmento.

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