Usina de etanol no norte do RS vai atender até 20% da demanda gaúcha pelo biocombustível

Protagonista na transição energética a partir da fabricação de biocombustíveis, o Rio Grande do Sul ensaia para o próximo ano um novo capítulo da sua posição estratégica. A gigante Be8 prepara para o fim de 2026 o início da operação de sua nova usina de etanol. Instalada em Passo Fundo, no Norte, a planta terá capacidade para produzir 210 milhões de litros de etanol ao ano e atender até 20% da demanda gaúcha pelo biocombustível.

Com investimento superior a R$ 1 bilhão, será a primeira unidade de grande porte para o biocombustível feito de trigo e triticale instalada no Estado.

Os trabalhos estão avançados, com 24% de obra civil já executados. Iniciada em julho de 2024, a construção de 45 hectares à margem da BR-285, entre Passo Fundo e Carazinho, abrange uma planta industrial totalmente nova. A linha também produzirá glúten vital (ingrediente industrial 100% importado pelo Brasil), CO2 para bebidas gaseificadas (a partir da captura de suas próprias emissões) e DDGS (farelo proteico utilizado na nutrição animal).

Erasmo Battistella, presidente da Be8, diz que a demanda nacional por etanol e a urgência pela transição energética justificam o investimento:

— O Brasil, pela primeira vez este ano, tem uma adição de 15% de biodiesel e de 30% de etanol. Isso pressiona ainda mais o Rio Grande do Sul. Se nós importamos 100% do etanol, agora, com mais adição obrigatória na gasolina, pressiona para que a gente consuma, e produza, ainda mais.

Puxando os investimentos mais agressivos da participação gaúcha no segmento energético, a Be8 já lidera o mercado nacional de biodiesel processado a partir da soja. Juntas, as quatro unidades industriais da companhia — Passo Fundo, Nova Marilândia (MT), Floriano (PI) e Cuiabá (MT) —, têm capacidade para produzir 1,47 bilhão de litros de biodiesel ao ano.

O que são biocombustíveis?

Os biocombustíveis são aqueles produzidos a partir de matérias-primas vegetais ou orgânicas, podendo substituir ou complementar o uso de combustíveis fósseis, como o petróleo.

A maior motivação para seu uso é o potencial de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Atualmente, o etanol e o biodiesel são os principais biocombustíveis utilizados pela matriz brasileira.

Biogás, biomassa e biometano são outros exemplos de produtos já desenvolvidos.

Dividindo liderança com o Centro-Oeste, o Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores nacionais de biodiesel feito de soja e avança para buscar terreno também na produção de etanol a partir de cereais de inverno, como trigo e triticale.

A conexão da indústria com a agricultura, aliás, é de oportunidade para os dois lados. Ao passo que o consolida o Brasil como referência mundial em descarbonização e mitigação de emissões na fabricação verde, incentiva a produção agrícola em duas grandes safras no ano, com potencial de uso dos grãos no verão e no inverno.

Em caso de produção agrícola insuficiente, há possibilidade de importar trigo de outros Estados ou países. Contudo, o presidente da companhia garante que a intenção é utilizar cereais totalmente daqui:

— Temos um programa de fomento em que estamos introduzindo e desenvolvendo novas variedades em parceria com a Embrapa. Acreditamos que há matéria-prima e estamos trabalhando para abastecer a fábrica com 100% de matéria-prima gaúcha.

A usina de etanol da Be8 vai processar mais de 525 mil toneladas de trigoao ano. O Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores nacionais do cereal, com produção média de 3,7 milhões de toneladas/ano (dado de 2024).

A nova usina, em números

Área total: 80 hectares

Área construída: 45 hectares

210 milhões de litros/ano de etanol (anidro e hidratado)

26,9 mil toneladas/ano de glúten vital

153,2 mil toneladas/ano de farelo DDGS de cereais (32% de proteína)

525 mil toneladas/ano de processamento de cereais

Captura de CO²

Coprodução de energia elétrica

Farol regional

Passo Fundo tem a sexta maior economia do Estado, com expectativa de pular para a quarta posição quando a nova usina de etanol estiver operando. Significa mais renda, emprego e investimentos circulando, em uma região que já desponta pela robustez da indústria pós-colheita.

O potencial de negócios se traduz na construção civil. O ECB Group, holding com participação da Be8, está lançando na cidade um empreendimento imobiliário de porte inédito no Estado. Combinando torres residenciais, comerciais, hotelaria e arquitetura de futuro numa superquadra de 14 mil metros quadrados, o projeto Icon ECB quer se tornar farol de desenvolvimento no norte gaúcho.

O empreendimento multiuso, assinado pelo arquiteto carioca Alexandre Feu, tem a sustentabilidade e o urbanismo integrado como marcas, valorizando o conceito de cidade caminhável. O complexo, 60% já comercializado, estima a circulação de 5 mil pessoas ao dia. As obras iniciaram neste ano e o projeto deve ficar pronto até 2029.

— Passo Fundo vai na contramão do Rio Grande do Sul porque estamos trazendo população para cá, enquanto o Estado vem perdendo demografia. Temos qualidade nos empregos, boa remuneração, esperamos melhorar em logística, e isso é o que atrai pessoas — diz Battistella.

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