
A Vale projeta investir entre US$5,4 bilhões (bi) e US$5,7bi em suas operações em 2026, com grande parte desse montante associada às soluções de minério de ferro, enquanto reforça o potencial de médio prazo para investimentos em cobre e níquel.
Do valor previsto para 2026, cerca de US$4 bilhões serão destinados às soluções de minério de ferro da empresa, enquanto o restante está estimado para as áreas de metais básicos, formadas pelas operações de cobre e níquel.
Os valores estimados para 2026 estão alinhados ao que a Vale deve realizar em 2025, com investimento projetado de US$5,5 bilhões para este ano.
Para 2027 em diante, a Vale espera um aumento gradual nos investimentos ligados ao cobre e ao níquel, atingindo níveis anuais de cerca de US$2 bilhões de investimentos. Já para minério de ferro, a empresa projeta investimentos anuais na faixa de US$3–3,9 bilhões.
“Se olharmos os números do ano, talvez a leitura que fazemos é que o progresso da Vale em relação aos investimentos em cobre e níquel esteja sendo um pouco lento, mas isso ocorre porque a empresa é uma gigante global do minério de ferro, então o processo de expansão para outros segmentos é naturalmente mais gradual”, disse Carlos Daltozo, chefe de pesquisa da empresa de investimentos Tuesday Capital, à BNamericas.
Segundo o CEO da Vale, a empresa está focada na disciplina de capital.
“Estamos mais eficientes em termos de alocação de capital da companhia. Iniciamos este ano com uma estimativa de capex de US$6,5 bilhões e, ao longo do ano, reduzimos esse valor em US$1 bilhão, sem deixar nada para trás nem adiar investimentos relevantes; apenas alocamos o capital de forma mais eficiente”, disse Gustavo Pimenta, CEO da Vale, durante a apresentação realizada a investidores e acompanhada pela BNamericas nesta terça-feira.
Segundo Pimenta, a Vale quer concentrar seus negócios em segmentos nos quais já possui expertise: minério de ferro, cobre e níquel, descartando interesse em outros segmentos da mineração.
“No cobre, há enormes oportunidades para destravarmos nosso potencial. Ninguém neste setor tem a capacidade de aumentar a produção de cobre como nós”, disse Pimenta, destacando que a companhia espera dobrar sua produção de cobre nos próximos dez anos.
A produção de cobre da Vale deve encerrar 2025 totalizando 370,000t e chegar a 380,000t em 2026. A empresa vê potencial de atingir 700,000t por ano até 2035, com a entrada em operação de alguns projetos.
Segundo especialistas, a Vale tem capacidade de liderar a corrida do Brasil para se tornar um pouco mais relevante no segmento do cobre.
“Hoje o Brasil representa cerca de 1% da produção de cobre do mundo e a Vale tem reservas e capacidade financeira para pavimentar um caminho para o país ser um pouco mais relevante nisso, talvez fazendo o país chegar a algo como 2% a 3% da produção global de cobre no médio prazo”, disse à BNamericas Marcos André Gonçalves, presidente da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB) e ex-presidente das operações brasileiras da cuprífera chilena Codelco.
PROJETOS
Durante a apresentação para investidores, o CEO da Vale mencionou, como projetos-chave para a expansão no segmento de cobre o projeto Bacaba, para o qual a empresa já obteve uma licença preliminar, enquanto solicitou às autoridades locais a licença preliminar para o projeto Alemão.
O projeto Bacaba conta com capex de US$290 milhões (mi) e o start-up é esperado para o segundo semestre de 2028. A estimativa de produção anual é de 50,000t.
Já o projeto Alemão, com expectativa de início de operação em 2030, tem capex estimado entre US$1,6bi e US$1,8bi.
Além dos dois projetos mencionados pelo CEO da Vale, a empresa também conta com os projetos Salobo, com capex projetado de até US$275mi e start-up estimado para 2029; o projeto Cristalino; uma joint venture com a Glencore; o projeto 118; e o projeto Paulo Afonso, que contribuirão para a expansão da produção da companhia em cobre.
Em minério de ferro, a produção estimada é de 360 milhões de toneladas até 2030. Para 2025, a Vale deve atingir produção de 335 milhões de toneladas, chegando a 345 milhões de toneladas em 2026.
Entre os projetos de minério de ferro com avanços esperados para 2026 estão o projeto Capanema, com ramp-up previsto para o segundo trimestre de 2026, e o projeto Serra Sul +20, cujo start-up está previsto para o segundo semestre do ano que vem.
Segundo a Vale, o minério de ferro deve continuar registrando forte demanda externa, devido ao aumento da produção de aço nos próximos anos, com estabilização do preço do minério em torno de US$100 por tonelada.
No níquel, a Vale deve fechar este ano com produção de 175,000t, chegando a 200,000t no ano que vem. Para 2030, a produção de níquel da empresa deve atingir 250,000t.
Os projetos de níquel têm enfrentado um cenário difícil em meio a pressões baixistas de preços por causa de elevados níveis de produção no mundo.