Você sabia que a cannabis pode ser utilizada na construção civil?

A cannabis industrial, também conhecida como cânhamo, está surgindo como uma cultura agrícola inovadora com grande potencial no setor da construção civil. Diferente da maconha, o cânhamo não possui propriedades psicoativas.

Um estudo do Instituto Ficus analisou o potencial da cannabis para fornecer matérias-primas à indústria da construção. Os resultados mostram que o cânhamo se posiciona como uma opção natural e de alto desempenho, em um momento em que o setor busca novas soluções mais sustentáveis.

Para os produtores rurais, o cultivo de cânhamo representa uma oportunidade de entrada em um mercado em expansão de materiais de construção bio-baseados.

Além disso, como já mostrado pelo Agro Estadão, o cânhamo tem demonstrado potencial na indústria da moda e no sequestro de carbono, reforçando sua vocação ambientalmente positiva.

Cannabis: uma matéria-prima versátil e de alto desempenho para a construção

As fibras de cannabis são conhecidas por sua resistência, durabilidade e maleabilidade, tornando-as ideais para reforço estrutural e isolamento.

Os shives, por sua vez, são a parte lenhosa interna do caule e possuem propriedades de isolamento térmico e acústico excepcionais, além de regular naturalmente a umidade. Já o pó de cannabis pode ser aproveitado em diversas composições, garantindo o uso integral da planta.

Essas características únicas impactam diretamente na qualidade e desempenho das edificações. O uso de materiais à base de cannabis pode resultar em construções mais eficientes energeticamente, confortáveis e duráveis.

Aplicações concretas da cannabis na construção civil

O relatório do Instituto Ficus destaca várias aplicações promissoras da cannabis na construção:

Concreto de cannabis (Hempcrete): este material inovador é composto por shives de cannabis, cal e água. O resultado é uma massa robusta e flexível, com notáveis capacidades de isolamento térmico e acústico. Além disso, o hempcrete atua como um regulador natural de umidade, criando ambientes internos mais saudáveis e confortáveis;

Lã de cannabis: utilizada como isolante em paredes, telhados e pisos, a lã de cannabis oferece um desempenho superior em termos de conforto térmico. Por ser de origem vegetal, apresenta-se como uma alternativa mais sustentável aos isolantes sintéticos tradicionais;

Painéis de fibra de cannabis: estes painéis se destacam por sua versatilidade, podendo ser aplicados em revestimentos e divisórias. Sua resistência e leveza os tornam uma opção atrativa para diversas aplicações na construção.

O uso desses materiais na construção civil cria uma demanda direta e nova para o produtor rural, abrindo um mercado promissor para o cultivo de cânhamo.

Cannabis versus madeira

A cannabis apresenta um ciclo de crescimento extremamente rápido, levando apenas cinco a seis meses do plantio à colheita. Em contraste, o ciclo de rotação da madeira pode exceder 100 anos, dependendo da espécie.

Essa característica da cannabis permite um suprimento anual mais rápido e renovável para a indústria.

Embora os volumes brutos de biomassa possam variar, a capacidade da cannabis de fornecer matéria-prima em um curto período de tempo a torna uma opção atrativa para a indústria da construção, especialmente em cenários onde a demanda por materiais sustentáveis é crescente.

A rápida taxa de crescimento da cannabis também significa que ela pode sequestrar carbono da atmosfera mais rapidamente em comparação com árvores de crescimento lento.

Isso pode ser um fator importante considerando as preocupações atuais com as mudanças climáticas.

O potencial da cannabis na construção civil é evidente, oferecendo materiais sustentáveis e de alto desempenho. No entanto, é importante notar que o marco regulatório do cânhamo industrial no Brasil ainda está em desenvolvimento.

Atualmente, o cultivo segue proibido e a utilização do cânhamo pela indústria permanece em uma situação de indefinição legal.

Para superar esse impasse, a Embrapa sugere a criação de uma Comissão Técnica Nacional da Cannabis, inspirada na estrutura da CTNBio. Esse órgão teria a função de classificar as variedades de acordo com o teor de THC e o nível de risco.

Assim, cultivares industriais teriam normas mais simples, enquanto aquelas destinadas ao uso medicinal estariam sujeitas a controles mais rigorosos.

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