Volks busca alternativas ao chips chinês, diz Seitz, chefe na AL

Imagem da notícia

A Volkswagen está próxima de resolver uma dificuldade que tem enfrentado na compra de chips para o setor automotivo, segundo o presidente da montadora para a América do Sul, Alexander Seitz. A companhia está testando tecnologias de outros fornecedores como forma de contornar os entraves que encontrou com a chinesa Nexperia, principal fornecedora global desse tipo de chip e que havia suspendido exportações, afirmou Seitz ao Valor.

“Procuramos por alternativas técnicas. Não vamos parar as fábricas, mas não estamos seguros. Temos nas mãos um novo chip com as mesmas especificações [da Nexperia], mas de outro fornecedor. Ainda estamos testando”, disse Seitz, após participar do congresso da Associação Latino-americana do Aço (Alacero), na Colômbia, na semana passada.

Os chips são componentes cada vez mais importantes para a indústria automotiva, uma vez que são usados no desenvolvimento e na operação de sistemas avançados de assistência ao motorista e condução autônoma. Segundo Seitz, a Nexperia lidera o fornecimento desse tipo de chip por conta da qualidade do material, que suporta altas temperaturas e pode ser posicionado próximo ao motor dos carros.

“Temos ainda lotes suficientes para produção de automóveis até o fim de 2025. Mas para o ano que vem, ainda precisamos encontrar alternativas”, disse Seitz.

Em setembro, o governo da Holanda assumiu o controle da subsidiária local da Nexperia, que detém cerca de 40% do mercado desse tipo de chips. Em retaliação, o governo chinês impôs restrições à exportação do produto feito na China. Segundo o executivo da Volks, houve um acordo para uma licença de exportação entre Shangai e o governo brasileiro, com a atuação no caso da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“Temos que solucionar esse problema de fornecimento e não ficar dependentes de um fornecedor. Precisamos de outra fonte para ter independência e segurança. Nós podemos errar, mas não duas vezes”, disse Seitz.

Os problemas da montadora alemã com as companhias chinesas vão além dos chips. A dinâmica do setor de aço chinês tem tornado desigual a concorrência na indústria automobilística, afirmou Seitz.

Desde meados de 2023, o aço chinês tem se tornado um problema para o setor siderúrgico global por conta dos altos volumes de exportação a preços baixos. A produção das indústrias chinesas tem ficado além do necessário para suprir o mercado doméstico da China, o que elevou as vendas ao exterior, dizem especialistas. O fluxo tem prejudicado siderúrgicas da América Latina, que alega uma “concorrência desleal” com a presença massiva do produto asiático.

No Brasil, as importações de produtos de aço da China cresceram 25,9% entre janeiro e setembro de 2025, em comparação com igual período do ano passado, segundo dados do Instituto Aço Brasil, para 3,1 milhões de toneladas. Os produtores chineses de produtos siderúrgicos representaram 61,1% das importações brasileiras do segmento em nove meses do ano, alta de 7,9 pontos percentuais ante igual período de 2024, ainda segundo números do Aço Brasil.

“A China tem tanto aço sobrando que as montadoras chinesas estão comprando o material a preço de banana”, disse Seitz, que completa: “Isso tem levado as montadoras a produzirem mais e a exportarem mais. Essa dinâmica também se torna uma forma de importar o aço indireto na América do Sul. Sofremos de forma direta e indireta com os altos volumes de aço exportados pela China.”

O executivo, que já trabalhou em companhias chinesas, diz que as diferenças de custos da China em relação ao Brasil tornam a concorrência mais desigual: “O governo chinês concede diversos incentivos de financiamentos. Há ainda a diferença de jornadas de trabalho, que são mais longas e também tem subsídios. A cadeia de fornecimento chinesa também é mais aquecida, com muitas fábricas menores. Com todos esses fatores, o carro chinês chega ao Brasil mais competitivo, sem trabalhar sob as mesmas regras. Precisamos de regras iguais e que os chineses trabalhem com as mesmas leis trabalhistas e impostos.”

Compartilhe esse artigo

Açogiga Indústrias Mecânicas

A AÇOGIGA é referência no setor metalmecânico, reconhecida por sua estrutura robusta e pela versatilidade de suas operações.
Últimas Notícias