VW Caminhões e Ônibus prevê 2026 desafiador, mas com sinais de melhora após ano marcado por juros altos e retração

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A Volkswagen Caminhões e Ônibus encerra 2025 avaliando um ano difícil, mas longe de uma crise profunda no setor. A combinação entre juros elevados, impacto do “tarifaço” dos Estados Unidos e a queda mais acentuada no segmento de extrapesados pressionou os resultados. Ainda assim, a montadora conseguiu explorar nichos estratégicos, consolidar liderança em médios e avançar em mercados internacionais — fatores que aliviam o impacto de um ciclo econômico desfavorável.

Para 2026, o tom é de cautela reforçada. A empresa prevê um ano novamente desafiador, influenciado por eleições presidenciais, Copa do Mundo e pelo ritmo ainda incerto de queda da taxa Selic. Mas há também sinais de melhora: a demanda reprimida por renovação de frota, o agronegócio em expansão e a estabilização das relações comerciais com os Estados Unidos devem contribuir para um cenário menos adverso.

Setor sente impacto da Selic a 15% e incertezas políticas

O vice-presidente de vendas e marketing, Ricardo Alouche, resume o sentimento predominante: 2026 deve repetir a complexidade de 2025. Os financiamentos — elemento central para as compras de caminhões — devem continuar como um gargalo do mercado enquanto o crédito permanece caro.

“A taxa irá para 14%, 13%, 12% no fim do ano. Mas continuará sendo um desafio”, afirmou Alouche, lembrando que as eleições presidenciais tendem a afetar o ambiente de negócios a partir do segundo semestre.

Mesmo com juros em trajetória de queda, o impacto do crédito caro já foi sentido este ano: o mercado brasileiro deve fechar 2025 com cerca de 110 mil caminhões vendidos, abaixo dos 125 mil de 2024. O volume está distante de ser considerado positivo, mas também não indica retração severa — ainda acima de 2016 e 2017, quando o país registrou apenas metade disso.

VWCO fecha 2025 com desempenho acima da média do mercado em segmentos-chave

A VWCO sofreu queda de 5,4% nas vendas, somando 27.400 unidades até novembro, mas conseguiu compensar parte do recuo ao explorar segmentos mais resilientes — especialmente o de caminhões médios.

O modelo Delivery 11.180 continua como o grande trunfo da empresa, respondendo sozinho por mais de 50% do mercado de médios. Graças a ele, a VWCO registrou alta de 8,4% no segmento, segundo dados da Anfavea. A família Constellation, com pesados e semipesados, também apresentou desempenho sólido e alcançou 35% de participação.

“Criamos oportunidades e soubemos crescer mesmo em um cenário desafiador”, afirmou o presidente e CEO, Roberto Cortes, durante encontro com a imprensa.

Mesmo o segmento de extrapesados, que vive retração mais forte no país, teve avanços qualitativos para a marca. Cortes destacou que a VWCO conseguiu conquistar novos clientes que até então não utilizavam produtos da empresa, fortalecendo posicionamento para o futuro.

Mercado externo e eletrificação garantem ânimo extra

Na operação internacional, a fabricante celebra o aumento de 50% na produção da planta argentina. Outro destaque foi a estreia do Constellation de 13 litros no México, desenvolvimento focado em mercados externos e que reforça a estratégia global da marca.

No segmento de ônibus, 2025 termina com marco importante: as primeiras entregas do eVolksbus, ônibus elétrico da VWCO, para o sistema de transporte público de São Paulo. São 100 unidades que começam a entrar em operação justamente na última quinzena do ano, consolidando o avanço da empresa na eletrificação.

Perspectivas para 2026: prudência, mas com viés de melhora

Embora o próximo ano seja visto como desafiador, os executivos da VWCO identificam condições para um desempenho ligeiramente melhor:

queda gradual da Selic, destravando crédito para renovação de frota;

alta do agronegócio, setor que impulsiona a demanda por caminhões;

resolução do tarifaço dos EUA, que prejudicou exportadores e impactou indiretamente o mercado brasileiro;

safra robusta e exportações crescentes, favorecendo operações logísticas;

estabilização do segmento de extrapesados, mesmo sob demanda pressionada.

Alouche lembra que eventos como eleições e Copa do Mundo tendem a reduzir o fluxo nas concessionárias, mas não impedem a retomada gradual.

“A perspectiva é de viés positivo, mesmo no segmento de extrapesados”, afirmou.

Para Cortes, o gatilho decisivo será a evolução da Selic:

“Os transportadores voltarão às compras quando a taxa realmente começar a baixar. Há necessidade de renovação de frota.”

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